O Livro De Amores
Acristino
Tirou o livro de amores da estante da memória e folheou as páginas uma a uma feito pétalas. No papel amarelado, carcomido pelo tempo, as traças cuidaram de apagar todos os vestígios de amor que brotaram em sua vida de seu coração. Qual era mesmo o nome dela?
Não era Paula nem Paloma nem Gullar nem Gabriela. Seu nome, seu nome era…
Perdeu-se na carne, na pele fria, da mulher-estátua, página-em-branco, gelada, impassível, que não vibrava, nem se arrepiava, nem sofria ou sorria.
Perdeu-se na confusão de tanta noite e tanto dia, perdeu-se na profusão das coisas desacontecidas: na falta de iniciativa, apatia; na indiferença, covardia.
Perdeu-se por inteiro no e-mail, na lista restrita, no block em demasia.
Mas deve estar comigo, perdido comigo, seu nome, em alguma gaveta, papel de recado ou disco de backup. Seu nome, seu nome era…