Sereia (eu não duvido)
Entrego o leme ao mar e a vela ao vento
Mil vezes busco a praia desejada;
Na onda que quebra em mim a cada instante
O rosto que se mostra; eu não duvido!
Não se passa, meu bem, na noite e dia
Uma hora só, sem a imortal lembrança;
Quem és tu? (ai de mim!) eu sufocado
No seio teu de víbora! Ah tirana!
Se te vi, não te vi; pois, nada creio
Foi sonho; foi quimera; a um peito amante
Tudo o que foi paixão, é já loucura!
Ah, o arco, a flecha, o dardo, a chama acesa
De um triste coração numa esperança!
Há inda, e há de haver, eu não duvido:
Hás de ceder ao meu canto algum dia.