O Som do Silêncio
Mais turvo, menos turvo, tudo turvo
Sem estrutura, forma, cor ou peso
O resto é o resto, tudo o que não vejo
Que silêncio, meu Deus! Que escuridade!
Mas sinto o sacro fogo arder no peito
Quantas vezes, o Amor, me tem ferido?
Meus ais são de ternura ou desengano?
As Musas me fizeram desgraçado?
Qual vida não merece ser vivida?
Contra os sentidos a razão murmura:
Mortal, sejas mortal; durar não podes.
Minha voz pelo poema desencarna
E o canto reverbera ao som da Lira
Ide, meus versos, tocar o silêncio.
Escuridão, oh! minha velha amiga.