Solilóquio de um Louco
Já não sei quando é noite ou quando é dia
Se teu semblante é sonho ou fantasia
Sem contar o tormento de não ver-te
O alívio em te lembrar minh’alma alcança.
Mas ah engano meu, tu me atropelas
Côa tua ingrata, pérfida inconstância
Ao ver, pois, no teu gênio o meu destino
Ninguém de amor se fie: é desatino.
Preso à memória do prazer perdido
Disperso em minhas doidas esperanças
No mais, até de mim ando esquecido.
A apagar os incêndios da loucura
Por ti, Amor, ardendo e delirando
No prêmio dos martírios me despeço,
Dizendo um não sei quê, que não se entende.